Bioética e saúde global: cuidados primários como instrumento de justiça social
Resumo
Este artigo reflete acerca das desigualdades em saúde em escala global. Para tanto, descreve o percurso da bioética desde seu surgimento até constituir-se como campo do saber, apresenta os múltiplos desafios encontrados, e enfoca nas iniquidades em saúde como exemplo flagrante de injustiça social no domínio da saúde global. É considerado como base de reflexão o modelo utilitarista, que visa o máximo bem para o maior número (a população em escala global), pois é o que mais se aproxima dos objetivos da Organização Mundial da Saúde (OMS). À luz do utilitarismo é também discutida a estratégia da Declaração de Alma-Ata para a implementação universal de cuidados primários de saúde, considerada resposta bioética válida que poderá contribuir para minimizar a injustiça social global. Conclui considerando ser urgente a reflexão bioética sobre esta ameaça à dignidade humana tornando necessárias rápidas intervenções para travar o crescente abismo entre os povos com diferentes níveis de desenvolvimento.