Editorial
Abstract
Quem estuda o impacto das competições mundiais na economia e na sociedade dos países que as sediam afirma que são usuais manifestações populares nos períodos que as precedem. No Brasil não foi diferente: desde 2013 o país foi varrido por uma onda de protestos, um tsunami que revelou o tamanho da ressaca moral que se abate sobre a sociedade. Cansadas da corrupção centenária, da pouca resolubilidade do Estado, da falta de acesso a serviços que são parte do rol dos direitos humanos fundamentais, como saúde e educação, a população gritou sua frustração frente à constatação de que não está sendo contemplada em seu anseio por justiça. As manifestações tornaram tangível a descrença popular quanto a alcançar as mudanças almejadas, dado que persiste no imaginário a noção de que o bem público não é de ninguém e deve servir, em primeiro lugar, ao interesse particular.